Vestida de gemidos de bordão,
lancinâncias de violino,
na noite parada
vem descendo a seresta.
Sumiu-se a cidade barulhenta
inimiga das crianças e dos poetas.
Uma voz canta sentimentalmente um samba.
Aquele aperto de mão
não foi adeus!
não foi adeus!
Os cavaquinhos desmaiam de puro sentimento,
a cidade morreu lá longe,
e a lua vem surgindo cor de prata.
a cidade morreu lá longe,
e a lua vem surgindo cor de prata.
Nessa história de amor todos são iguais,
até o rei volta sua palavra atrás...
até o rei volta sua palavra atrás...
O meio tom brasileiro deixa interrogativamente a sua nostalgia.
É hora que os poetas escolheram
para a procura dos seus mundos perdidos...
para a procura dos seus mundos perdidos...
Amanhã a cidade virá novamente
inimiga dos poetas.
Mas agora ela dorme,
ela não sabe que os poetas falam com Nossenhor,
com a lua e as estrelas,
nesta hora tão lírica...
inimiga dos poetas.
Mas agora ela dorme,
ela não sabe que os poetas falam com Nossenhor,
com a lua e as estrelas,
nesta hora tão lírica...
Menina romântica, irmã
das crianças e dos poetas...
A tua janela, florida de esperanças,
é um mistério que a cidade não entende.
das crianças e dos poetas...
A tua janela, florida de esperanças,
é um mistério que a cidade não entende.
Passa a serenata.
Mas no coração dos que temem a primeira luz do dia que vai chegar
ficam os gemidos do violão e do cavaquinho,
vozes crioulas neste noturno brasileiro
de Cabo Verde.
Mas no coração dos que temem a primeira luz do dia que vai chegar
ficam os gemidos do violão e do cavaquinho,
vozes crioulas neste noturno brasileiro
de Cabo Verde.
Osvaldo de Alcântara
(pseudónimo poético de Baltazar Lopes da Silva)
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