Selo Postal no valor 60$00 com a imagem de Baltasar Lopes |
" (...) linguista, filólogo, romancista, ensaísta e
poeta (...) um dos maiores vultos intelectuais do espaço do Português (...)
doutor Honoris Causa pela Faculdade de Letras de Lisboa (...)"
(in Entrevista de Fernando Assis Pacheco com adaptação de Liliane Reis)
Baltasar
Lopes da Silva, nascido a 23 de Abril de 1907 na aldeia de Caleijão em São
Nicolau e falecido a 28 de Maio de 1989 em Lisboa, foi e é uma das maiores
figuras a nível da literatura cabo-verdiana e também referência de professor,
pelo que o dia do seu nascimento foi dedicado ao professor, figura na qual
Baltasar se caracterizava.
Desde sempre
foi um excelente aluno, tendo feito inicialmente o seminário em São
Nicolau e depois continuado os seus estudos secundários em São Vicente. Seguiu
para Lisboa com o intuito de terminar o secundário e ingressar na formação
superior, porém devido ao atraso da sua chegada só pôde inscrever-se em Letras,
um caminho oposto o qual sentia vocação, que era medicina. Ingressou no
curso de direito, todavia não lhe agradava a política da época pois a justiça
estava ao mercê do Ministério da Justiça e o Ministério do Ultramar, pelo que
decidiu inscrever-se no curso de Filologia Românica, tendo ficado como aluno
voluntário em direito e aluno ordinário nem letras e, terminado o curso de
letras dois anos após término do curso de direito.
"Auscultei-me, auscultei-me, até que um dia
cheguei à conclusão: eu gosto é de ensinar. Ser professor." (Baltasar Lopes in Entrevista de Fernando Assis Pacheco)
Imagem Baltasar Lopes |
Após término
dos seus estudos, Baltasar regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de
professor no Liceu Gil Eanes em São Vicente, tendo sido nomeado uns anos mais
tarde Reitor deste estabelecimento de ensino. Exerceu as profissões de
professor e advogado, tendo defendido casos de heranças e entre outros que se
destacavam na época do Capitão Ambrósio. Devido a problemas de saúde, doença
cerebrovascular, este teve de viajar para Lisboa, tendo falecido em 1989.
" Tenho um capital: os milhares de ex-alunos."
(Baltasar Lopes in Entrevista de Fernando Assis Pacheco)
Ainda em
vida, em 1936 Baltasar Lopes juntamente com Manuel
Lopes, Manuel Ferreira, António Aurélio Gonçalves, Francisco José Tenreiro,
Jorge Barbosa e Daniel Filipe fundaram a Revista Claridade, um
dos maiores movimentos da Literatura Cabo-verdiana. Claridade era uma revista
de poemas, ensaios e contos que denunciavam os problemas que o país sofria na
altura, sendo estas a seca, fome, emigração e entre outros. Esta atitude de
revelar os problemas não se revelava somente nas revistas mas também em suas
obras literárias, sendo de destaque o romance Chiquinho, seu
primeiro livro e único romance publicado em 1947.
Como
estudioso e linguista, Baltasar fez estudos do crioulo, o ensaio O
dialecto crioulo de Cabo Verde(1957), organizou
uma Antologia da ficção cabo-verdiana contemporânea (1961).
Também escreveu textos polémicos, sendo este
a critica à visão com que o sociólogo brasileiro
Gilberto Freyre ficou do arquipélago, Cabo Verde visto por Gilberto
Freyre (1956).
No que
concerne à figura de contista e poeta, publicou os contos Os trabalhos e
os dias (1987) e a colectânea de poemas Cântico da manhã futura (1986).
Como poeta Baltasar vestia-se na pele de outra personagem, auto-denominava-se
de Osvaldo Alcântara (pseudónimo).
Baltasar Lopes, símbolo de Cabo Verde, não só a nível da literatura, mas
principalmente a nível do ser cabo-verdiano. Homem defensor da cultura
cabo-verdiana, um típico cabo-verdiano lutador, dinâmico e que procura melhorar
as condições deste pequeno arquipélago no meio do atlântico.
"Pela simplicidade dele, testemunha a
seguinte história contada em Santo antão" Baltazar Lopes casou com a
teresinha de Ribeira das patas em Santo Antão, e trabalhou no Porto Novo,e
certo dia ele vinha da Rª das Patas para o Porto Novo um homem com muitas cargas
disse-lhe companheiro ajuda-me a levar esse feixe de palhas, e o Baltasar pegou
do feixe e levou-o até a entrada do Porto Novo, e quando entregou o feixe ao
homem este agradeceu-lhe e perguntou-lhe o nome, e o Baltasar respondeu-lhe
Baltazar Lopes da Silva . E o homem disse meu Deus como é possível, pedi ajuda
ao Sr juíz, mas que simplicidade! " (Conceição Reis)
Nota de 500 ECV com imagem de Baltasar Lopes (retirado de circulação) |
Fontes:
Entrevista de Fernando Assis Pacheco a Baltasar Lopes
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