terça-feira, 27 de março de 2012

Dia da Mulher Cabo-verdiana - 27 de Março

Autoria da pintura: Maria Alice Fernandes

CABO VERDE FEMININO 
Se pudesse escrever 
Um poema de amor 
E no poema de amor 
Cantar o meu amor por ti…. 
Mulher de Cabo Verde 
Ida que com dor 
Ou com tristeza 
Ou simplesmente sem alegria 
Cantaria o meu amor por ti, 
Mulher de Cabo Verde 
Se pudesse escrever 
Com alegria e moraza 
Com morna e coladeira 
Com batuque e funana 
Cantaria o meu amor por ti 
Com cola e contra-dança 
Tu mulher de cabo verde 
Com tabanca e festivais 
Escreveria o meu poema por ti 
E no meu poema, 
No meu poema, no poema 
Que não sei escrever, 
Que nunca poderei escrever…. 
Se pudesse cantar, cantar a tua beleza 
Tu mulher crioula, tu mulher Cabo Verdeana 
Ai se eu fosse poeta….  
Tu mulher de Santo Antão* 
Tu crioula bonita e exótica 
Tu mulher de montes e vales 
Te cantaria no meu poema 
Se soubese escrever 
Ai se eu fosse poeta… 
Escreveria o meu poema por ti!  
Se eu fosse poeta 
E escrever soubesse e pudesse 
Te cantava e escrevia… 
Escrevia um poema onde 
Tu mulher citadina 
Tu mulher que passas as noites 
As belas noites de luar 
Ou as belas noites de luzes eléctricas acesas 
A volta da praça, num vira e vira 
Pondo conversas em dia e matando saudades 
Saudades das cumadres que não vês 
Desde ontem a noite 
Falando conversas sem sentido 
Ou falando dos males ditos e ouvidos 
Conversas sobre namorados e namoros 
Namoros tradicionais ou modernos 
Conversas que encantam e destraiem 
Tu mulher de Mindelo 
Tu São-Vicentina cosmopolita 
Tu mulher da cidade de Mindelo 
Como te cantaria, se soubesse ser poeta!  
Se eu pudesse escrever 
E fazer um poema 
Te escrevia no meu poema 
Tu mulher de Boavista 
Tu que entre dunas e areias 
Imaginas e sonhas o amor 
Do marinheiro encalhado 
Que jamais voltou 
Tu bela e mui desejada crioula!  
E tu Mulher do aeroporto 
Salgada morena crioula 
Doce contraste do sabor 
Ai se eu fosse poeta 
Te veria antes que quaisquer turistas 
E te pintava na minha tela 
Em palavras que não sei escrever 
Tu do Sal a minha crioula 
Ai se eu fosse poeta... 
Crioula e morena 
Filhas do grande Chiquinho, 
Poeta de nome e fama 
Como dizer porque não vos escrevo 
No poema que não faço 
Se vos mui vezes fostes 
Sem duvidas inspiração 
Nas noites e nos dias inspiradores 
Dos muitos poetas que a ilha já teve 
Tu mulher de São Nicolau 
Como não cantaria o teu amor 
Se eu fosse poeta? 
Ai se eu fosse poeta e soubesse escrever… 
Se soubesse escrever, 
Ai se soubesse escrever 
Maio, minha querida ilha esquecida 
Tua mulher cantava sem duvidas 
E fazia dela o meu amor 
Morabeza e formosura 
Pequena ilha, mulheres bonitas 
Ai se eu fosse poeta… 
Tu Santiago, tua mulher Badia 
Formosa esquia e trabalhadora 
Batucadeira e mãe, lavadeira 
E peixeira, mulher de vida dura 
No campo a enchada 
Na Praia o balaio e a rabidança 
Se pudesse cantar e escrever 
Um hino te faria 
Tu Badia do meu coração 
Tu meu amor de sempre, 
Tu minha mulher badia querida 
Como te cantaria se eu fosse poeta 
Ai se eu fosse poeta... 
E tu mulher de Fogo 
E tu mulher de Brava 
Escaldantes mulheres bonitas 
Dum lado o Vulcão e do outro o Cismo 
Loucuras não vos faltam 
Mulheres crioulas e doces e quentes 
Mas como escrever 
Se não sei e nem sou poeta! 
Se eu fosse poeta 
Ai se eu fosse poeta… 
Escreveria, podes crer que escrevia 
Ai se eu fosse poeta… 
Tu mulher que não existes 
Que nunca exististe 
Tu mulher de Santa Luzia 
Tu que és a minha imaginação 
Formosa negra e morena 
Sereia dos cantos e das lendas 
Nas noites de luar 
Coroada em ouro 
E banhada no azul celeste 
Tu mulher que não existe 
Tu mulher da ilha despovoada 
Santa Luzia, mulher da minha imaginação 
Ai se eu fosse poeta, te escreveria e cantaria 
Tu da desértica ilha despovoada! 
Ai se eu fosse poeta…

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